terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Polêmica declaração de Lodeiro: quem é maior, Corinthians ou Boca?

Hoje as mídias sociais (mormente as voltadas aos assuntos esportivos) repercutiram em polvorosa a declaração de Lodeiro que, sem jogo de cintura (a exemplo de seu fraco futebol), declarou em entrevista que o Boca Jrs, seu atual time, é maior que o Corinthians, seu ex-clube. Obviamente que a polêmica poderia ser evitada, mas o atleta, certamente no intuito de ganhar moral com a massa xeneize, preferiu propagá-la.

É muito difícil mensurar a grandeza de times, ainda mais de países diversos. No caso de brasileiros contra argentinos, é indispensável considerar 2 fatores que favorecem os brazucas, sendo eles:

i) maior tradição do futebol brasileiro, pentacampeão mundial, contra dois títulos da Argentina, polêmicos e contestados, pois, em 1978 houve a provável compra da seleção peruana que se deixou golear pelos anfitriões (prejudicando o Brasil), e, em 1986,  em duelo duríssimo pelas quartas de final, Maradona decidiu o duelo contra a Inglaterra com um gol de mão, flagrantemente irregular.

ii) no Brasil temos 12 times grandes (4 de SP, 4 do RJ, 2 de Minas e 2 do Rio Grande) contra 4 times grandes da Argentina (River, Boca, Racing e San Lorenzo). Não precisa ser nenhum gênio para deduzir que é muito mais difícil a classificação à Libertadores prum time brasileiro do que prum argentino. Se estendermos a comparação ao Uruguai, terra de Lodeiro, a distância é ainda mais evidente, pois lá há somente 2 clubes grandes (Nacional e Penarol).

Outro ponto que evidencia a maior competitividade do futebol brasileiro são os regionais, inexistentes nos demais países, inclusive na Argentina. O Corinthians, citado na polêmica em epígrafe, reúne 26 canecos do Paulistão, onde disputa todos os anos contra Santos, São Paulo e Palmeiras, times igualmente gigantes e todos campeões continentais. Com efeito, são 4 campeões continentais num único estado dentro dum país. Quem conhece a história do futebol brasileiro, sabe que antigamente se dava muito mais importância pros regionais em detrimento da Libertadores, cujo interesse brazuca pela competição aumentou somente nos anos 90, após o bicampeonato conquistado pelo São Paulo.

Não se nega a grandeza do Boca (a exemplo do River, Racing, Estudiantes, Penarol, Nacional, Olímpia, etc...), seis vezes campeões da Libertadores e tri mundial. Porém, medir a grandeza dum clube tão somente por suas conquistas internacionais representa visão simplista e simplória, pois, se assim for, não há clube brasileiro que se compare ao falido Independiente argentino, sete vezes campeão continental, mas que há décadas malogra sem conquistas e sem dinheiro para montar um time meramente razoável.

Todos os grandes brasileiros, a exemplo dos argentinos e uruguaios, são gigantes sul-americanos, devendo, pois, serem igualmente respeitados, pois quando duelam entre si, tudo pode acontecer. Exemplo disto, foi o título da Libertadores de 2012 onde o Corinthians derrotou, com sobras, o Boca Jrs.

Abraços.  

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Corinthians vence primeiro Majestoso com autoridade

Ontem ficou clara a superioridade tática e técnica atual do Corinthians que, insinuante (ao contrário dos tempos de Mano Menezes), envolveu a defesa são-paulina em vários lances, capitaneado pelo quarteto Elias, Renato, Jadson e Danilo. Somente o Timão teve chances claras de gol, pelo que o placar poderia ter sido ainda mais amplo.

Do lado tricolor, de boa posse de bola mas pouca agressividade (inclusive como reconheceu um lúcido Muricy após o jogo), praticamente nenhum chute perigoso foi dado contra o gol de Cássio, sendo certo que o time precisa melhorar sensivelmente para se classificar às oitavas, o que é plenamente possível, pois o São Paulo reúne elenco e comissão técnica competentes.

Tite (que não canso de repetir, impressiona com sua rápida readequação no alvinegro) acertou em cheio ao escalar Danilo no posto de Guerrero, pois o meia, auxiliado pelos seus parceiros de meio-campo, conseguiu dar vazão às jogadas ofensivas, principalmente pelo chão, onde o Corinthians toca a bola rapidamente e com objetividade, utilizando a categoria dos bons atletas de frente. Somente as bolas aéreas é que foram infrutíferas no time de Pq. São Jorge. Jadson fez sua melhor partida pelo clube, demonstrando seu crescimento, sendo que será uma pena se o meia se transferir para a China, a despeito da grana que esta possível transação deve envolver. No mais, destaques habituais para Gil, Ralf, Renato e Elias, esse último que, ao que parece, retoma seu ótimo futebol em 2015.

Não desgosto de Mano Menezes, e reconheço seu bom trabalho no segundo turno do Brasileirão/2014, vencido pelo Corinthians (título simbólico). Porém, é inegável a melhora do time com Tite, sendo que a principal prova disto é a independência da equipe em relação ao centroavante Guerrero. Com efeito, hoje, o peruano não é mais imprescindível (apesar de ser inegavelmente importante).

Muricy errou ao escalar Michel Bastos na lateral, pois perdeu a força ofensiva de seu meia mais ativo, não resolvendo o problema do avanço pela esquerda (geralmente capenga com Reinaldo). Melhor teria sido deixar Michel ao lado de Ganso, pois a profundidade ofensiva melhoraria, e mais chances seriam criadas para o esforçado Luis Fabiano (que mantém seu inexplicável nervosismo em campo) e o sonolento Kardec, que não é nem sombra do atacante perigoso da época de Palmeiras.

Por fim, no lance do segundo gol corintiano, concordo com os que falaram que a falta é habitualmente marcada somente em solo brasileiro. O mero encostão de Sheik em Bruno passaria batido em Copa do Mundo, Libertadores e torneios estrangeiros. Frise-se que o lance foi antes da linha do meio de campo, sendo que o São Paulo foi incapaz de conter o avanço de Emerson, evidenciando, na minha opinião, falha da zaga tricolor, a exemplo do primeiro gol onde Elias recebeu sozinho para arrematar contra Rogério.

O Corinthians deu um grande passo dentro do chamado "Grupo da Morte". O São Paulo, apesar da derrota, tem tudo para se classificar. Que hoje Danubio e San Lorenzo empatem na Argentina, resultado que beneficiará os rivais paulistanos.

Abraços.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Análise do Grupo da Morte da Libertadores (grupo 2)

Sacramentada a classificação corintiana ontem com o empate em 1x1 contra o Once Caldas em Manizales, o grupo 2 desta edição da Libertadores promete ser acirradíssimo, pois reúne, além do atual campeão San Lorenzo, os arquirrivais paulistanos Corinthians e São Paulo.

São 3 campeões da Libertadores, 2 campeões mundiais, e somente 2 vagas para as oitavas de final. Na próxima quarta-feira, a Arena Corinthians receberá o primeiro Majestoso da fase de grupos, e o primeiro na Libertadores em toda a história. Este mesmo clássico encerrará esta fase, quando os rivais voltarão a se encontrar no estádio do Morumbi pela sexta rodada. Em suma, após meses de modorrento Brasileirão, até que enfim grandes emoções se avistam para os torcedores, principalmente os residentes da cidade de São Paulo. Os duelos certamente mexerão com a metrópole.

Complementando este grupo e correndo por fora nesta briga está o Danubio Futbol Club do Uruguai, time que jamais conquistou a América, porém, é o atual campeão de seu país, pelo que merece respeito. Nos últimos anos, a Libertadores tem apresentado algumas surpresas, como por exemplo, os quatro semifinalistas inéditos da edição passada. Mesmo assim, correndo risco de errar, pela menor tradição e inferior qualidade técnica em relação aos rivais, creio que os uruguaios ficarão em quarto lugar na chave.

O San Lorenzo atual é mais fraco que o campeão do ano passado, que, convenhamos, era um time nota 6,0 e olhe lá. Tecnicamente é inferior aos brasileiros, porém, é forte em seu estádio, tem tradição (principalmente dentro da Argentina onde é tido como um dos 5 grandes) e sabe jogar com catimba, a velha artimanha portenha que, volta e meia, acomete os brasileiros. Ao contrário dos rivais brasileiros no grupo, os argentinos perderam o Mundial de Clubes para o Real Madrid no final do ano passado, além de perderem a primeira partida da final da Recopa para o River Plate fora de casa.

Entre os rivais paulistanos, muito equilíbrio no papel, seja no time principal ou no elenco, entretanto, pelo que apresentaram até agora em 2015, vejo o Timão um pouco a frente do Tricolor, principalmente no entrosamento ofensivo que culmina com boas tramas do ataque alvinegro (a readaptação de Tite no comando é impressionante). O conjunto são-paulino, que ontem jogou bem contra o Santos na Vila pelo Paulistão, ainda não empolgou tanto quanto o do rival, porém, a diferença é pequena e, repito, no papel, o equilíbrio é rigoroso.

Simplesmente teremos de um lado, Jadson, Renato Augusto, Sheik e Guerrero (que não atuará na primeira partida, podendo ser substituído por Danilo, Vagner Love, ou Malcon). Do outro lado, Michel Bastos (em grande forma), Ganso, Luis Fabiano e Kardec (ou Centurioun, valendo lembrar que Pato não poderá atuar pelo Tricolor nos Majestosos). Os goleiros das duas equipes, que brilharam no Japão quando disputaram o Mundial de Clubes, também estão em grande fase.

Desde já não ficarei em cima do muro e, resumindo, creio que Corinthians e São Paulo avançarão para as oitavas. Uma coisa é certa: o ano boleiro de 2015 entrará para a história, pois, como bem disse Tite ontem a noite, os duelos serão gigantes.

Abraços    

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Danilo decide o derby paulista

A despeito da bizarrice da FPF em agendar o maior clássico do Estado para a terceira rodada, onde os clubes ainda entrosam seus grupos e adaptam os reforços recém contratados, Palmeiras e Corinthians realizaram bom jogo ontem na Allianz Arena, com vitória do Timão por 1x0, gol de (Zi)Danilo que, não me canso em dizer, é um dos maiores jogadores da história alvinegra e um verdadeiro privilégio vê-lo atuar.

O misto corintiano que entrou em campo no clássico, individualmente, era superior ao time escalado por Oswaldo Oliveira que, é bem verdade, ainda não contou com sua força máxima, haja vista os reforços que ainda não atuaram (O Palmeiras, portanto, não deixou também de ser um mistão). Coletivamente, a superioridade do time do povo saltou aos olhos, pois, mesmo atuando quase todo o segundo tempo com um homem a menos, o Corinthians conseguiu se defender sem maiores sustos, com boa compactação, tendo ainda a chance de matar o jogo num contra-ataque puxado pelo veloz colombiano Mendoza que, no momento do arremate, chutou em cima de Fernando Prass.

Achei injusta a expulsão do goleiro Cássio. Se é certo que tentou ganhar tempo fazendo cera que, é certo também que o juiz sanou esta artimanha com exagerados 6 minutos de acréscimo, pelo que vale a pergunta: se deu seis minutos acréscimos pela enrolação alvinegra, por que também expulsou o arqueiro corintiano? O alvinegro, pois, foi punido duas vezes, o que, repito, achei injusto.

No Corinthians gostei de Danilo, Mendoza, Bruno Henrique, Petros, Gil e Edu Dracena, que estreou muito bem num clássico quente e difícil, demonstrando que provavelmente formará boa dupla de zaga com o central suplente da seleção brasileira. Não gostei de Fábio Santos, que inclusive precisa melhorar seu futebol neste início de ano. Do lado alviverde, me agradaram Zé Roberto, Tobio, Robinho e Allione. Victor Hugo, no entanto, falhou bisonhamente no gol corintiano, juntamente com Fernando Prass que, experiente, deveria ter evitado o passe na fogueira dado ao zagueiro.

Incrível como Tite se readaptou bem ao Corinthians, após um ano de hiato no comando do elenco. Desde a vitória contra o Bayer Leverkusen, o Timão enche de esperança seus torcedores. Já Oswaldo de Oliveira, cujo auge no futebol brasileiro ocorreu há 15 anos atrás justamente no comando do arquirrival, precisa se acostumar com as cornetas e a pressão que habitualmente norteiam o Palestra, ainda mais atualmente onde o clube vive jejum de títulos importantes. É óbvio que o Palmeiras melhorará quando tiver todos os reforços a disposição, principalmente Arouca e Cleiton Xavier, valendo lembrar que o alviverde, ao contrário dos rivais da capital, teve de remontar seu elenco para 2015. E há muito ainda o que fazer.

Abraços    

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Palpites da Pré Libertadores

Nesta semana começa a Pré Libertadores, necessária para fechar a composição dos grupos sorteados ano passado, sendo que seguem meus palpites com considerações maiores acerca do jogo do Corinthians, único brasileiro que disputará esta etapa:


i) Once Caldas (Col) 40% x 60% Corinthians
Duelo complicado que reúne dois campeões na fase preliminar, sendo que o time colombiano decidirá em casa, a exemplo do que ocorreu com o Tolima em 2011. O Corinthians, além de ser mais forte tecnicamente, me parece mais competitivo neste início de ano, o que se comprova pelos resultados das equipes neste final de semana, onde o Timão venceu bem o Marília por 3x0 na estréia do Paulistão, e os colombianos perderam pelo certame local.
Aposto minhas fichas no Corinthians, sem muita vantagem sobre o rival que, como principais armas, conta com o atacante Arango, o goleiro Cuadrado e a altitude de Manizales (2.150 metros, sendo que S.Paulo possui cerca de 750 metros de altitude). Com a saída de Lodeiro para o Boca (e que certamente não fará falta pois não jogou bem pelo alvinegro), Jadson assumirá a responsabilidade de armação juntamente com Renato Augusto, o segundo melhor jogador do time, atrás apenas de Guerrero. É a chance que o ex-são-paulino terá para finalmente emplacar no time. Confio em Jadson!

ii) Huracán (Arg) 40% x 60% Alianza Lima (Per)
Mesmo decidindo em casa, aposto em classificação dos peruanos, mais habituados à competição, porém, sem muito favoritismo;

iii) Estudiantes (Arg) 75% x 25% Independiente Del Valle (Eqdor)
Os argentinos, tetracampeões da competição, decidirão em casa e provavelmente farão valer a maior técnica e tradição sobre o time equatoriano que, nesta edição, disputa sua segunda copa.

iv) The Strongest (Bol) 60% x 40% Monarcas Morelia (Mex)
Confesso-lhes desconhecer o time mexicano que, como desvantagem, brutal por sinal, decidirá o duelo na altitude de 3.600 metros de La Paz, o que é complicadíssimo. Ademais, os bolivianos cresceram nas últimas competições, tendo inclusive disputado a semifinal ano passado com o Bolívar.

v) Nacional (Uru) 70% x 30 Palestino (Chi)
Confio na antiga potência uruguaia, tricampeã continental e mundial (e que decidirá o duelo no Centenário), contra o modesto time chileno que, em sua história, foi bicampeão chileno, sendo a última conquista em 1978 quando Elias Figueroa atuou pelo clube.

vi) Cerro Porteño (Par) 60% x 40% Deportivo Táchira (Vez)
Os paraguaios decidirão em casa e possuem mais qualidade que o time venezuelano, presente em muitas edições da Libertadores, sempre sem sucesso.

Abraços